terça-feira, 10 de maio de 2011

RACIONALISMO CRISTÃO - 1





A ARTE DE VIVER

Viver é uma arte que nem todos sabem cultivar. Há muita gente que pensa que vive, mas não vive, vegeta, ou pior ainda, não tem noção alguma do que seja viver. A criatura que sabe viver traça, planeja aquilo que melhor lhe convém e caminha confiante em si mesma, sem esperar dos outros senão o razoável, porque, se exigir um pouco mais, passa por decepções. Logo, só confiante em si próprio o homem pode vencer na luta.


A própria família é muitas vezes um ponto de interrogação, talvez doloroso, mas não deixa de ser um ponto de interrogação, porque, se a família tivesse a noção exata dos seus deveres de família, nela não haveria desinteligências, desentendimentos, todos se compreenderiam, todos se tolerariam, todos seriam amigos; mas, infelizmente, assim não é e, se entre aqueles que dizem "o sangue é sangue" e "o sangue puxa", não existe a verdadeira compreensão, muito menos se pode esperar dos estranhos, de criaturas completamente diferentes em educação.


Viver, pois, é uma arte que todos devem procurar cultivar com inteligência. As criaturas são como são, ninguém as modifica, porque os espíritos, quando vêm encarnar, são todos diferentes, de categorias diversas, não podendo, portanto, ser aquilo que muita gente julga, pois cada um traz a sua bagagem espiritual e, de acordo com essa bagagem, desempenha o seu papel na Terra.
Afinidade espiritual há muito pouca e às vezes essa afinidade existe entre criaturas estranhas e bem distantes. Portanto, deve o ser contar somente consigo, caminhar de acordo com a sua consciência, formar a sua personalidade moral, e, tendo essa personalidade, terá vigor espiritual, saberá, enfim, viver.


Há muita gente que julga que para ser feliz na Terra basta possuir fortuna, conforto e bem-estar; há muita gente até que ambiciona o que é dos outros, porque julga que esses outros são mais felizes. Enganam-se. O que faz a felicidade não é o dinheiro, não é o conforto, não é o luxo, nem o bem-estar; o que faz a felicidade é a compreensão mútua dos seres, o entendimento, a compreensão exata da vida, a maneira como a criatura encara essa vida, para não ter desilusões, para não sofrer abalos morais.


O dinheiro e a fortuna muitas vezes até concorrem para a desinquietação, para o desassossego daqueles que isso possuem. A felicidade está na consciência do dever cumprido, na serenidade espiritual que todo espírito equilibrado pode gozar. O dinheiro ganha-se e vai-se embora; o dinheiro, muitas vezes, concorre para chamar sobre si o despeito, a inveja, criaturas pouco escrupulosas, que não querem saber que aqueles que hoje possuem fortuna trabalharam, se esforçaram e muitas vezes sofreram até privações para conseguirem possuir o que hoje possuem.


A criatura que sabe viver, que trabalha honestamente e que cria em volta de si um ambiente de paz e tranqüilidade, goza saúde, é feliz, porque a felicidade consiste na paz de espírito e na saúde do corpo. Quem tem saúde e paz de espírito é feliz, porque pode produzir, porque pensa bem, porque terá sempre um ambiente de paz e tranqüilidade, e, sabendo viver, todas as criaturas podem ser felizes, viver de acordo com as suas posses, trabalhando, porque o trabalho distrai o espírito, e aquilo que se consegue pelo trabalho honesto tem um valor considerável. Trabalhando e lutando, sim, porque a vida é a luta destinada ao ser humano na Terra, e todos aqueles que trabalham, produzem, gozam de paz espiritual.


Trabalhando, lutando, vivendo em paz, tendo sua consciência tranqüila, todos poderão ser felizes. Não há, portanto, motivo para invejar a fortuna ou o dinheiro de quem quer que seja. Todos, com muito ou pouco, podem ser felizes, porque a pobreza só atormenta aqueles que são falhos de raciocínio. Quem tem saúde e trabalha nunca será pobre, terá sempre o necessário para as suas necessidades. Saiba, portanto, a criatura viver, porque sabendo viver, ela gozará da paz de espírito, terá tranqüilidade íntima e saúde do corpo. Isso é que constitui, enfim, a verdadeira felicidade.

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